domingo, 30 de setembro de 2012

Bullying doméstico

Ana Paula Ribeiro

Estou sendo vítima de preconceito em pleno terceiro milênio!!! 

É que sou uma mulher que gosta de lutas e de futebol e isso ainda causa desconfiança em algumas pessoas. Dentro da minha casa sou olhada com estranheza pelos dois homens que vivem comigo - meu marido e meu filho pré-adolescente. Estranhamente existe um conteúdo na TV que só assisto desacompanhada: novela, comédias românticas, reality shows, futebol e MMA. 

Pior é que sinto uma certa culpa, como se estivesse vendo alguma coisa que fosse acabar com a minha reputação! Onde já se viu isso? Bullying doméstico?

Acompanhei o reality show TUF Brasil pela Rede Globo porque o programa tinha um  formato e uma temática que eu realmente gosto. Confesso que nunca ouvi tantas perguntas na minha vida:
- Desde quando você gosta de luta?
- Tem certeza que está interessada na competição?
- O abdômen sarado dos caras não tem nada a ver com seu interesse? Tem certeza?... e por aí vai. 
Foram semanas respondendo às mesmas perguntas.

Eu me diverti com o incômodo que causei, afinal, já faz tempo que não sou uma adolescente deslumbrada e influenciável, tão pouco uma "Maria-Tatame" cujo único interesse é a forma física dos atletas. Gosto do MMA porque acho emocionante, fico impressionada com a garra de atletas que se submetem à uma rotina árdua de treinos e dietas pra alcançar um objetivo e que não medem esforços pra chegar à vitória. 

Também gosto da possibilidade do inesperado acontecer. Uma das lutas que mais me me marcou foi entre Mark Coleman e Pete Willians no UFC 17 realizado em maio de 98. Coleman era o favorito, mas Willians foi o azarão e derrotou o adversário com um chute fulminante. Aquela luta selou a minha paixão pelo esporte. O improvável aconteceu e a figura de um Davi derrotando o gigante Golias me fascinou. Ao fim da luta os comentaristas do canal que transmitia o evento chegaram a se desculpar por terem feito pouco caso do adversário, inclusive ressaltando que ele estava fora de forma.

Aos poucos a família vai se acostumando com meu interesse genuíno pelo esporte e  a quantidade de perguntas diminui a cada madrugada que passo em claro pra assistir um evento. Só não consegui ainda companhia dos dois porque já seria pedir muito! Tenho várias amigas que gostam do esporte tanto quanto eu e quem sabe possamos criar uma associação de mulheres mal compreendidas porque gostam de lutas.

Chute de Willians surpreende o favorito Coleman

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